O que é Onda de Osborn?
. Onda de Osborn é frequentemente chamada também de onda J
. Causas: Hipotermia, hipercalcemia, lesões cerebrais, hemorragia subaracnóidea, PCR relacionada à sedação, angina vasoespástica e fibrilação ventricular idiopática
Por que acontece?
Está relacionada ao gradiente de voltagem transmural associada a expressão de canais iônicos transmembrana em diferentes situações.
Como identificar:
Entalhe final do QRS de convexidade superior. Ela é identificada mais frequentemente nas derivações inferiores e laterais

Saiba mais:
Durante estudos do efeito da hipotermia na função cardíaca e respiratória em cães, o médico americano John J Osborn identificou, em 1953, que a hipotermia induzida experimentalmente produzia uma deflecção no ponto J do eletrocardiograma, chamada por ele de “corrente de lesão”. Este mesmo padrão já havia sido descrito anteriormente em situações de hipercalcemia e em pacientes hipotérmicos. Apesar de já conhecida, esta alteração passou a ser chamada onda de Osborn, em homenagem ao extenso trabalho de John J Osborn.
A onda Osborn é uma defleção no ponto J. Por este motivo, também é frequentemente denominada onda J. A figura 1 mostra o traçado da publicação original de Osborn. À época, ele creditou a alteração à acidose, e não há hipotermia. Isto porque, em seus experimentos, quando ele corrigia a acidose causada pela retenção de CO2 relacionada à hipotermia, a deflecção desaparecia, mesmo o cão ainda estando em hipotermia – Figura 2.
Mais recentemente, foi proposto que esta alteração está relacionada ao gradiente de voltagem transmural associada à expressão de canais iônicos transmembrana em diversas situações.


A onda Osborn pode ser encontrada em situações como hipotermia, hipercalcemia, lesões cerebrais, hemorragia subaracnóidea, PCR relacionada à sedação, angina vasoespástica e fibrilação ventricular idiopática. Esta alteração também é encontrada na literatura com os nomes de onda delta tardia, onda do ponto J, onda K e onda H. No entanto, o termo mais utilizado para este achado é onda Osborn ou onda J.
A III Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre Análise e Emissão de Laudos Eletrocardiográficos traz a descrição da onda J como presença de entalhe final do QRS de convexidade superior. Ela é identificada mais frequentemente nas derivações inferiores e laterais (figura 3).

O risco arritmogênico relacionado à presença da onda de Osborn não é totalmente entendido, sendo menos comum sua associação com arritmia quando sua causa é hipercalcemia ou doenças neurológicas e mais relacionada a arritmias malignas em outras condições.
Apesar de vivermos em um país tropical, temos que lembrar que o frio castiga aqueles que estão em situação de rua e também dos casos de exposição acidental a baixas temperaturas.
E você? Já viu a onda de Osborn em algum paciente? Comente
Referências
1- Maruyama M, Kobayashi Y, Kodani E, Hirayama Y, Atarashi H, Katoh T, Takano T. Osborn waves: history and significance. Indian Pacing Electrophysiol J. 2004 Jan 1;4(1):33-9. PMID: 16943886; PMCID: PMC1501063.
2- Miller, C. S., & Schwartz, B. C. (2017). A very cool electrocardiogram: Osborn waves of hypothermia. Internal and Emergency Medicine, 12(8), 1329–1330. doi:10.1007/s11739-017-1702-0
3- Diretriz • Arq. Bras. Cardiol. 106 (4 Suppl 1) • Abr 2016 • https://doi.org/10.5935/abc.20160054
Só vi em estudos relacionados a AVC, quando a onda T é muito bizarra, alargada. Com este entalhe é muito fácil confundi-la com repolarização precoce, ainda que aqui não apresente este formato arredondado e sim mais ponteagudo, alem de não ser vista nas derivações inferiores.